17 fevereiro 2013



Não é o fim do mundo. Você não morreu. Muito provavelmente ele não irá morrer também. Você não está despedaçada como diz estar. Copos de vidro se despedaçam. CDs, celulares, óculos, computadores, aviões e carros, também, são destruídos. Mas você não. Pelo menos, não fisicamente. Pelo menos, não no sentido real. E a vida é real, né? Tem uns pingos de fantasia causados por sessões de comédias românticas e livros do Nicholas Sparks, mas a vida é real.

Você tem a unha a fazer. Tem o cabelo a cortar. Tem aquele vestido novo que saiu no catálogo da tua loja predileta para comprar. Tem a casa para arrumar. Tem tuas amigas para te ouvir chorar e berrar um pouco - ou muito. E tem uns tantos outros amigos para te elogiarem quando você precisar de alguém falando que seus olhos castanhos são tão bonitos quando você não está com a maquiagem borrada por causa de lágrimas desnecessárias. Então, pra quê chorar?

Há muitas garrafas de vodca, também, caso queira dar uns goles na loucura. Tua cabeça irá doer depois. Mas é ressaca. É uma resposta física do teu corpo sobre a quantidade de álcool que você ingeriu na noite anterior. Fique tranquila. Essa enxaqueca não é remorso, nem nada emocional. Chore, vomite e beba bastante água que você irá melhorar. Ou tome mais álcool que dizem funcionar também. A escolha é tua.

A tua vida não se resumia a ele. Eu te juro de pé junto, isso. Você pode até se sentir incompleta, mas está aí, disposta, viva e respirando. Com algumas olheiras e umas ideias loucas a mais, mas está bem. O tempo cura tudo que o tempo pode curar. Daqui a pouco, ele vai ser só mais um rapaz com mãos bonitas e um cheiro gostoso que passou por tua vida. Você vai ver. Enquanto você chora por um cara, há mil outros caras esperando, apenas, uma chance para te fazer sorrir.

Não sou nenhum aspirante a psicólogo-sei-tudo-sobre-as-pessoas. Acho Freud um saco e Jung um louco. Mas sobre o amor e teus sintomas, parece que eu já nasci com diploma e mestrado. Já amei demais quem nem gostou do meu cabelo bagunçado. Já amei de menos quem já sonhou comigo durante noites eternas de inverno. Já chorei como uma criança órfã e perdi dias de sol e noites estreladas. Mas não me destruí. Destruí porta-retratos, pratos, cartas e até aquele conjunto de tulipas do meu time predileto que ganhei no Natal. Mas meu coração ficou intacto. O teu também ficará.

Logo, logo, aparecerá outro cara que gosta tanto de adoçante como você. Outro que também não consegue ficar uma noite inteira sem resolver alguma briga qualquer. Outro que te dará a mão e o mundo inteiro ao redor será anulado. Outro cara com cabelo bom para acarinhar e com olhos infantis. Outro com um sorriso talhado e com gosto musical estranho. Você vai ver. Vai senti-lo. Vai respirá-lo. E vai amá-lo como se fosse a primeira e a última vez. Porque o coração é uma casa forte e espaçosa e sabe, vez em quando, renovar seus moradores.

Por: Hugo Rodrigues




A partir de agora. Ficarei três meses sem escutar suas músicas e vou apagar todas as mensagens bonitas do meu telefone. Não que isso te delete também (quem dera), mas é a única forma clichê que arrumei de começar a apagar você.

Depois desse ritual bobinho, vou procurar em algum lugar do meu corpo cansado, forças para explicar para o nosso grupo de quinze amigos em comuns, o porquê de você ter resolvido ir. Tentarei de todas as formas não te chamar de covarde, indeciso ou imaturo. É triste, mas inventarei qualquer desculpa. Dizer que você andava muito ocupado, viajava muito, agenda cheia, sabe como é? Todos eles vão sorrir forçado, oferecer um ombro amigo, e eu vou agradecer e sorrir também, exatamente do mesmo jeito que vou continuar agradecendo e sorrindo para tantas outras coisas – mesmo morrendo um pouquinho por dentro. Vai chegar o dia que sua mãe vai me ligar. É esse momento que sempre imagino quando desbloqueio sem motivo meu celular. Ela vai ligar para dizer o quanto ficou triste e que apesar de tudo, ainda sou querida na sua casa. Vai ser bonito escutar isso, vindo de uma senhora tão vivida e bondosa. Mal sabe ela que eu preferia abrir mão de todas essas tradições pós o término e já preencher logo meu coração com outra pessoa. Ela não tem culpa da minha ansiedade e no telefone serei simpática e cordial, como ensinam as regras. Pensando assim, tão apressada, a tola da história sou eu, eu sei. Pouco importo. Só quero uma vida divertida de novo. Aí vai chegar o dia que todas as minhas amigas, preocupadas que eu tenha algum tipo de depressão, vão me obrigar a beber até cair em alguma boate lotada. Essa minha falta de controle da realidade vai me fazer beijar qualquer cara, encher a lata de tequila e terminar a noite mal, socando o travesseiro e sujando todo o meu lençol. Passada a ressaca moral, saber que tenho amigas querendo o meu bem, vai ajudar muito. A felicidade em pequenas coisas vai servir sempre de curativo. Algumas semanas depois, vou dar de cara com você no meio da rua, em uma tarde que esqueci de passar maquiagem ou em uma manhã que você esqueceu de trocar de roupa depois da academia. Vai ser difícil acertar o beijo na bochecha, depois de tanto tempo beijando a sua boca que era tão minha. Mas vai. Tudo vai.  A partir de agora é tudo novo, é tudo de novo. A partir de agora, em todo cair de suor e de lágrima, estou ficando cada vez mais leve e expelindo você. Pode ir.


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